Reflexão para Sexta-feira Santa
A liturgia da Sexta-feira Santa nos leva a uma comovente contemplação do mistério da Cruz. A doação da vida por amor, é o ápice da missão de Jesus que consuma o seu supremo amor na cruz. São Paulo da Cruz nos diz que “a paixão de Cristo é a obra mais estupenda do amor de Deus”. Ao contemplarmos a Santa Cruz, podemos perceber que a Cruz de Cristo expressa o Amor Misericordioso do Pai de maneira penetrante. Ela nos revela o amor de Deus levado até as ultimas consequências.
A Cruz nos mostra o que Deus sente por nós. Um Deus que sofre porque ama, Pois, sua essência é a Misericórdia. Se Deus fosse impassível (incapaz de sofrer) seria também incapaz de amar. Deus se rebaixa e se faz um como nós, sofre, é abandonado, maltratado e sofre a dor da cruz, Ele sentiu nossas dores, nossos sofrimentos e ali na cruz fala ao nosso coração. Jesus não somente se solidariza, mas vive na pele o sofrimento.
Na liturgia da palavra podemos perceber a intima ligação do texto de Isaías 52 como o texto do evangelho de João 18. Mesmo diante do intervalo de sete séculos entre elas nos mostram a semelhança entre elas. Isaías apresenta a figura do servo sofredor e João apresenta a narração dos últimos momentos de Cristo.
Isaías nos diz que, da mesma maneira que as pessoas iriam ficar chocadas com a desfiguração do servo, elas se chocariam com a sua transformação e o que esse sofrimento provocara no mundo e nas pessoas. Também nos relata o por que de tanto Sofrimento: “estava sendo traspassado por causa de nossas rebeldias, estava sendo esmagado por nossos pecados. O castigo que teríamos de pagar caiu sobre ele, com os seus ferimentos veio a crua para nós”. neste versículo também é apresentado o valor expiatório do sofrimento do Servo sofredor. Neste servo sofredor vemos a prefiguração do próprio Cristo, que se fez sacrifício para a salvação do mundo. Aquele que foi considerado a escoria da humanidade revelou-se em todo seu esplendor como salvador dela.
Diante da liturgia da palavra de hoje, podemos afirmar que a Cruz de Cristo está no centro da história da salvação, já prevista pelo profeta Isaías, através dos sofrimentos do servo de Javé, figura do Messias que ira salvar a humanidade, não pelo triunfo, mas pelo sacrifício de si na Cruz.
Ao dar sua vida por nós, Jesus nos deixou o maior ensinamento de amor. “O Bom Pastor da a vida por suas ovelhas”. E ainda, “ninguém tem maior amor que aquele que da a vida pelos amigos”.
Na segunda leitura Jesus é apresentado como Sumo e único Sacerdote. “temos um sumo sacerdote capaz de se compadecer de nossas fraquezas, pois ele mesmo foi provado em tudo como nós, com exceção do pecado” (Hb 4,14-15). Portanto, Jesus é Sacerdote e Vitima que oferece em expiação dos pecados dos homens não sangue de touros ou de cordeiro, mas o próprio Sangue. Por obediência ao Pai, entrega-se à morte, após ter sofrido amargamente o sofrimento, é libertado pela ressurreição, tornando-se assim “Causa de salvação eterna para todos os que lhe obedecem” (Hr 5,9).
Que nós sejamos obedientes a cristo, obedecer a Jesus, Sacerdote e Vítima, é aceitar com ele a Cruz.
Sejamos Santos!