Deveres Cristãos
Infelizmente, “é frequente, mesmo entre católicos que parecem responsáveis e piedosos, o erro de pensarem que só são obrigados a cumprir os seus deveres familiares e religiosos, e mal aceitam ouvir falar de deveres cívicos. Não se trata de egoísmo. É simplesmente falta de formação, porque ninguém lhes disse nunca, claramente, que a virtude da piedade – além da virtude cardinal da justiça – e o sentido da solidariedade cristã se concretizam também nesta presença, conhecimento e contribuição para resolver os problemas que interessam a toda comunidade.” (J. Escrivá, cit. por J.L. Illanes, in A santificação do trabalho, S. Paulo, 1982)
“Não podem, por conseguinte, os fiéis descuidar o cumprimento dos seus deveres ‘sociais’ (…); uma tal ignorância ou abstencionismo representaria grave omissão: privar a sociedade dos contributos constitutivos que a práxis dessa doutrina acarreta para o bem comum.”(J.M. Pero-Sanz, Creyentes em la Sociedad, Madrid, 1981, pg. 62)Como é lógico, não cabe nestas paginas – nem é possível – apontar sumariamente todo o conteúdo das “obrigações sociais” do Cristão. Bastará, à maneira de exemplo, registrar omissões – por vezes grave – neste campo:
- Transigência cúmplice com irregularidade de tipo institucional;
- Abstencionismo em eleições;
- Acomodação a um sistema injusto de comissões comerciais;
- Falta de cumprimento de obrigação para com os superiores ou os inferiores;
- Mau trato ou desprezo para com os necessitados;
- Negar o apoio possível a instituições assistenciais, culturais, etc,;
- Apego aos bens da terra;
- Gastos inúteis ou supérfluos, por luxo, capricho, vaidade, etc,;
- Aplicação da mera justiça sem estar embebida em caridade;
- Desprezo das obras de misericórdia;
- Trabalho mal feito;
- E outros….
“um homem ou uma sociedade que não reaja perante as tribulações ou injustiças e não se esforce para aliviar, não é um homem ou uma sociedade à medida do amor do Coração de Cristo. Os Cristãos – conservando sempre a mais ampla liberdade quando se trata de estudar e de por em pratica as diversas soluções, segundo um pluralismo bem natural – terão de convergir no mesmo anseio de servir a Humanidade. Se não, o seu cristianismo não será a Palavra e a Vida de Jesus: será um disfarce, um embuste feito a Deus e aos homens.” (Josemaria Escrivá, Cristo que Passa, n. 167, Ed. Prumo/Ed. Aster, Lisboa, 1977).
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Fonte: ARCE, Pablo e SADA, Ricardo. Curso de Teologia Dogmatica. Rei dos Livros, Lisboa. 1992 p. 246